Carta 16

Querido Amigo:

Estamos outra vez em vésperas do período santo do ano quando velhos e jovens olham para trás para um acontecimento que está sempre presente na mente humana, ainda que o acontecimento tenha tido lugar há cerca de dois mil anos, altura em que nasceu um menino perfeito num casebre no meio do gado. Crianças e adultos imaginam esta cena e cada um a interpreta à sua maneira; velhos e jovens preparam-se para celebrar o aniversário deste Menino Divino e o mundo vive sempre em antecipação este glorioso e santo aniversário. O pinheiro imortal, o símbolo da vida que perdura, que permanece verde durante todo o ano, está adornado de velas e colocam-se velas também nas janelas, símbolos de “Novas de Grande Alegria”, que os Deuses deram à humanidade para a encorajarem nos seus esforços de consecução e para chegar à meta, que é a Divindade, – porque o Grande Livro não nos diz que algum dia estamos destinados a chegar a grandes alturas onde seremos seres perfeitos, feitos à Sua imagem?

O homem está, no entanto, cego no que respeita à sua herança espiritual, inconsciente das coisas maravilhosas que o Pai tem reservadas para aquele que é fiel. Riqueza material, honra, glória, são seus apenas por uma encarnação, todas estas coisas desaparecerão; mas aquela outra riqueza que o homem acumula, a riqueza do espírito, é o único tesouro que vale a pena, é a que a alma nunca perderá. Será guardada para que dela desfrute com o seu Pai que está nos Céus.

Para encorajar o homem a procurar este tesouro, Deus enviou o “Seu Filho Unigénito”, o que veio para que tivéssemos a vida mais abundante. Em cada ano, espera-se o dia deste nascimento, do Seu Filho, com uma antecipação alegre e expressa-se um prazer maior no Natal como nunca houve em nenhum outro acontecimento na história do homem.

Entretanto o homem sobe a escada da evolução, e quando chega a um estado de maior entendimento, quando o corpo mental ascender a um grau maior de desenvolvimento, o homem crescerá também na compreensão do valor dos marcos que lhe recordam a necessidade de maiores esforços espirituais. A Páscoa da Ressurreição e o Natal são desses acontecimentos para a humanidade em geral. Para aqueles que habitualmente não têm interesse pelas coisas espirituais, estes dois dias de festa pelo menos, trazem à memória, que havia um Ser Sublime que veio para lhes abrir os mundos celestiais. Mesmo quando estes dois marcos se utilizam para a ambição material, o homem recorda por meio deles, o Cristo e o Seu aniversário, e a tragédia da crucificação.

Algum dia este homem materialista ainda se interessará mais profundamente e começará a compreender a sua verdadeira celebração.

A humanidade está a avançar no caminho, apesar das crueldades aparentes da guerra. Observamos a tendência das cidades e das comunidades de combinar esforços na preparação das árvores de natal, nas decorações luminosas das ruas estendendo-se por quilómetros com adornos em honra do aniversário do nosso Salvador – não se despertará assim com o tempo um interesse maior? As emoções que estes adornos causam no homem materialista não darão frutos e não o interessarão algo mais no Grande Espírito em cuja memória se fazem estas preparações?

Cada vela acesa, cada árvore adornada, e cada celebração em alguma comunidade, aproximam esse dia quando todos, como uma grande onda de vida humana, se elevarão para a vida superior e se abrirão passo a passo para o nascimento do Santo Menino, o Cristo, nos seus corações. Quando a terrível carnificina da guerra tiver acabado no mundo, o sangue derramado e os corações que tiverem sido atravessados pelos pesares e as perdas, ajudarão a trazer ao homem as palavras de Cristo no capítulo quinto de Mateus, versículo 44 – “Mas Eu vos digo: amai os vossos inimigos, bendizei os que vos amaldiçoam, fazei bem a quem vos maltrata, orai pelos que vos perseguem”.

Seus em serviço da humanidade,
The Rosicrucian Fellowship,
Mrs. Max Heindel
(cartas aos estudantes)

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